quarta-feira, 8 de julho de 2009

Implante zigomático auxilia recuperação de pacientes com fissura de lábio e palato



Pessoas portadoras de fissura de lábio e palato já podem se submeter a uma cirurgia que lhes devolve os dentes e a harmonia facial em apenas 48 horas. Trata-se do implante zigomático com carga imediata que, pela primeira vez no Brasil, está sendo feito em pacientes fissurados.
O cirurgião-dentista José Fernando Scarelli Lopes, que também é professor do Departamento de Prótese e Implante do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP (Centrinho) em Bauru, explica que os portadores de fissura de lábio e palato em geral apresentam baixo desenvolvimento das maxilas, ossos que compõem o maxilar e que suportam os dentes superiores. "Devido a esse problema, não há como ancorar implantes dentários nas maxilas. A solução é fixar o implante no osso zigomático, uma estrutura que fica abaixo dos olhos popularmente conhecida como 'maçã do rosto'", explica o professor.
Ao todo, são fixados quatro implantes, com aproximadamente 50 milímetros (mm) de comprimento cada um, sendo dois de cada lado do rosto, e implantes adicionais quando possível. Esses implantes irão sustentar uma estrutura metálica que tem a forma de um arco. É justamente este arco que irá acomodar a prótese dentária. "Após a fixação da estrutura, toda a região é reconstituída por meio de resina acrílica e dentes artificiais. Inclusive a gengiva é refeita, possibilitando ao paciente a total recuperação estética", conta Lopes.
O professor lembra que um dos principais problemas de pessoas portadoras de fissura de lábio e palato é a questão psicológica em decorrência da estética. "Esta técnica possibilita a total recuperação, o que permite dar uma nova vida ao paciente facilitando sua reintegração social", garante o professor. Ele conta que, até o momento, somente duas pessoas passaram pela cirurgia. "A última foi há cerca de nove meses e o paciente já havia passado por diversas tentativas de reabilitação oral. Somente com o implante zigomático é que ele obteve a total recuperação", lembra Lopes.
O professor esclarece que o implante zigomático não é uma técnica inédita no Brasil, porém, em pacientes fissurados são as duas únicas operações até o momento. A técnica foi desenvolvida pelo professor sueco P.I. Branemark, que atualmente reside em Bauru.
O processo envolvendo a cirurgia e a recuperação do paciente dura, em média, 48 horas. Antes de se realizar os procedimentos cirúrgicos e protéticos deve se realizar um cuidadoso planejamento que incluem moldagem dos arcos, tomografia computadorizada que possibilitará a construção de um protótipo da área a ser operada. "Para possibilitar as etapas cirúrgica e protética, guias são confeccionados em resina acrílica para estabelecer as relações maxilo-mandibulares da futura prótese. Depois de 48 horas, é instalada a prótese e o paciente tem de volta sua vida totalmente normalizada."
Lopes lembra que atualmente já existem cerca de 50 pacientes aguardando o momento de realizar o implante zigomático no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais. "Como este tipo de procedimento envolve um planejamento complexo, estamos nos programando para torná-lo mais rotineiro, o que nos possibilitará uma ou duas cirurgias por mês.
Os estudos para o implante zigomático em fissurados contaram com a colaboração do professor João Henrique Nogueira Pinto, do HRAC-USP, e dos professores Luis Eduardo Marques Padovan, Hugo Nari Filho e Walter da Silva Jr., ambos da Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru.
Agência USP de Notícias

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